Você conhece seu vizinho, amigo de infância?
Engraçado, como se dispõe a conviver diariamente com alguém
durante tantos anos e se julgar conhecer tais pessoas, conhecer passa a ser
apenas participar das mesmas brincadeiras, estudos, brigas, momentos da
infância que não se esquece.
Dai se julgar serem os melhor amigos por estar
perto diante desses episódios.
Com o decorrer dos anos se afastam por motivos e objetivos
diferente, então se concretiza a certeza que vocês são os melhores amigos, que
as vezes se falam por mensagens ou em curtas ligações, e ainda sim a amizade é
base de compartilhamentos de emoções e aventuras vividas no presente, mas onde
fica a parte do companheirismo, troca de carinho, do ombro amigo pra se chorar,
será que ser amigo é apenas isso?
Um dia se encontram de uma forma inusitada, cada um com uma
forma de vida diferente, isso é o que se passa em suas cabeças, um admirando o
outro e se julgando por achar que você foi o fraco que também poderia ter chegado
tão longe, que chega a ser uma inveja, mas uma inveja boa que vem junto com
admiração e respeito.
Então é nesse dia e nessa hora mais imprópria que vocês
param começam a serem verdadeiros um para com o outro e chegam à conclusão que
realmente não se conheciam, que apenas avaliavam pelas cascas, que o interior é
mais parecido que o comum. Que vivem em constante conflito consigo mesmo, que
já se martirizam por demais, que chega de cobrarem de si, que não podem viver
apenas para os outros que precisam ser vocês mesmos, que é hora de cessar o
sofrimento, que não existe uma garra sem fim.
É nesse momento inusitado e ao mesmo com tantos olhos
críticos ao redor que a verdade aparece, que a vergonha de chorar ou de pensar
no que podem pensar, some, e você pela primeira vez consegue ser você, mesmo
que seja por alguns minutos (ou por horas sem perceber que o tempo passou tão
rápido, que todos deram falta de você, mas para você não passou de alguns
segundos), como é bom saber que você não é o único, que mais alguém que também
pensa e sofre como você.
Conseguimos avançar tanto, mesmo com todo sofrimento e
cobranças, hoje somos “fortes” e capazes de julgar alguém de forma critica e
sensata, não compactuamos de preconceitos, racismo, julgamentos indolentes,
hoje somos Homens que apenas querem viver em um mundo diferente respeitando e
sendo respeitado por todos. Depois de tudo isso acho que podemos nos apoiar,
podemos ser ombros, braços e pernas um do outro, para sermos capazes de
recolher as lagrimas, e suportar o peso juntos. Quero que seja assim,
partilhando e abdicando dos sofrimentos ruins, não digo que quero que
esqueçamos os sofrimentos que já passamos porque sei que é impossível, mas sei
que podemos começar de agora, começar a construir nossas vidas, começar a viver
no mundo que sempre almejamos que chegou nossa hora, que estamos prontos e
fortes o suficiente para enfrentar o que e quem quer que seja.
Quero que o medo exista sempre, porque sem tal, não teremos
adversários para lutar, que então acaba nosso intuito de estarmos vivos, que
eles estão presentes para fazerem parte de nossa vitoria.
“Viver é para os bons, reviver é para os fortes”.
Não estamos aqui para viver, mas sim para reviver a cada
dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário